Farei uma história de terror como nunca foi visto antes, algo único, especial, que vai fazer vocês irem chorar pra mamãe, sua mamãe ir chorar pra mamãe dela, e assim sucessivamente até a 7°geração. Agora sentem-se em suas poltronas, preparem sua pipoca, lavem suas mãozinhas, coloquem suas pantufas de coelhinho, tomem seus remédios e retire seus pais da sala. Prontos? Não? Foda-se. Que comece a historinha.
Parecia ser uma noite tranquila de sexta, mas era uma quinta com sensação de sexta, na sexta era feriado. Isso não importa na verdade. Chovia muito, tinham raios, trovões, e mais raios. Havia faltado luz, eu estava sobre luz de velas quando a TV ligou sozinha, apareceu um poço e uma mulher começou a sair da TV e caminhar em minha direção. Ta, não foi isso que aconteceu, mas teria sido muito menos assustador se fosse apenas um mero fantasma. Sobre a luz de uma vela, comendo um sanduba que venceu a 3 anos, eu me via pensando que é assim que a maioria das histórias de terror começam, e foi assim que a minha história começou também. A campainha tocou, fui correndo atender pois esperava que fosse a pizza que havia pedido. Virei o corredor e a porta estava aberta, uma criatura horrenda, com olhos vermelhos sedentos por sangue, envolta por uma sombra preta (afinal havia faltado luz). Essa criatura que não parecia humana me encarava diabolicamente. Era a representação do mal.
A criatura caminhou em minha direção, eu tremia como se tivesse um ataque epilético, e realmente estava tendo um. Consegui me recuperar não sei como. Aquilo me olhava e de repente ela abriu a boca para falar: "DOCES OU TRAVESSURAS?" Foi o suficiente, meu coração disparou, consegui enxergar melhor e o que eu achava ser um fantasma era muito pior. Era uma CRIANÇA. Aquelas mini pessoas que se fantasiam de fantasmas para intimidar as pessoas em determinada época do ano. Não pensei duas vezes, corri em direção ao segundo andar, olhei para trás e haviam mais crianças, aquelas criaturinhas se multiplicam. Me tranquei num quarto e fui chorar no canto, começaram a bater na porta quando uma voz disse: Tio, o senhor esta bem? É claro que eu não estava bem! Aquelas criaturas estavam me amedrontando. E elas sabiam disso. Perguntaram isso pra me deixar perturbado, mas não caio mais nesses joguinhos.
Decidi que era hora de sair dali, enfrentar meus temores. Peguei o lança chamas que guardo no armário, arrombei a porta e saí lançando fogo pra todo lado. As crianças não estavam mais ali. Não queria pensar onde elas estavam, talvez na cozinha, comendo meu sanduba? Não havia tempo para isso, logo elas voltariam. Subi até o telhado, lá de cima teria uma vista do campo de batalha para saber se não invadiram outras casas. Chegando lá me deparei com duas delas. Ameacei jogar o lança chamas nelas mas elas começaram a chorar. Os ruídos penetravam meus ouvidos, não podia ouvir meus pensamentos. Caminhei pra trás lenta e cuidadosamente, elas se aproximavam, continuavam a chorar. Elas pararam de repente, não entendi porque até que uma gritou: "CUIDADO MOÇO!" Com o susto dei um passo para trás e caí do telhado. Enquanto caía pensava em como podia ter sido tão estupido. Caí no truque deles para me derrubar, também pensava no quanto estava com fome e provavelmente aquelas crianças ficariam rindo de mim enquanto comem o resto do meu sanduba.
Depois disso é tudo um branco, lembro-me de acordar no hospital. Os médicos falavam que um paciente havia acordado do coma. Acho que devia ser o cara gripado da cama ao lado. Me perguntaram o que havia acontecido e expliquei tudo, certas pessoas não acreditaram que fiz tudo em legitima defesa. Fui preso 3 dias depois por agressão a criancinhas. E porque as crianças ainda estão soltas? Formação de quadrilha, tentativa de homicídio, furto de sanduba. Isso não seria crime? É esse tipo de justiça que temos aqui? É esse o país que vai sediar a copa? Que tipo de futuro essas crianças estão deixando para nossos adultos?